Vizinhos abelhudos e bisbilhoteiros


Sempre morei em uma cidade grande (em média 11.244.369 habitantes) e, de repente, mudei para uma cidade na Alemanha próxima a Regensburg que tem apenas 7423 habitantes.

O que não fazia ideia era a respeito dos aspectos positivos e negativos de morar numa cidade pequena. Vocês imaginam?

Logo que mudamos para cá um dia conversando com um dos vizinhos o mesmo fez a maior propaganda sobre morar na Alemanha, de morar principalmente numa cidade pequena. Falou tanto, tanto, pelos cotovelos, do quanto é bom que as pessoas se conheçam, que as pessoas são mais solidárias, que ajudam, que qualquer coisa que você precise você pode contar com elas. Enfim, tentou me convencer o quanto era bom! Fiquei com a pulga atrás da orelha, já que vindo de uma cidade grande sempre gostei e prezo a minha privacidade. Não gosto o tempo todo de contar sobre minha vida, sobre meus planos e das pessoas ficarem comentando sobre os acontecimentos da minha família.

Mas morando aqui tenho que arcar com isso! E vocês, podem se divertir!

Na verdade, após 2 anos, entendo porque as pessoas agem dessa maneira, melhor, são bisbilhoteiras e abelhudas. Você mora num país muito tranqüilo, no qual as preocupações econômicas, políticas e sociais são mínimas. No qual os acontecimentos da cidade, que dão ibope para tanto assunto são praticamente nulos, o que resta, qual é o assunto que sobra? Falar sobre os vizinhos e, mais especificamente, sobre a vida deles. 

Cada dia tenho uma surpresa! Cada dia fico sabendo também sobre uma novidade do vizinho. Pois não basta perguntar, ficar sabendo, tem que divulgar para o outro, depois para o outro, pelo menos, até boa parte dos vizinhos da rua saberem.

Alguns tipos:

*Vizinho super curioso: Encontra você na rua e tem apenas um tempinho para conversar com você. O que ele faz? Rapidamente começa a perguntar sobre a sua vida, quer saber de todos os detalhes: Como está o curso de alemão? Vocês vão passar o Natal no Brasil? Ah, seu marido viajou! Para onde ele foi? Vocês tem planos de voltar a morar no Brasil? Você está feliz? Já sabe o sexo do bebê? Vocês vão mudar de casa tendo o terceiro filho?

*Vizinho discreto: Tem dias que é simpático demais e outros nem tanto. Encontra você na rua, rapidamente olha para sua barriga, depois fala Oi e pergunta se está tudo bem. Muito sorridente, esperando que você continue a conversa, conte algo que esteja esperando ou melhor, que já sabe!

*Vizinho que confirma a informação com outro vizinho: Um certo dia esse vizinho pergunta para o outro: É verdade que a Celi está grávida de novo?, fiquei sabendo através da fulana. 

*Vizinho binóculo: Aquele que fica em silêncio, que praticamente não conversa com ninguém, mas que fica na janela, que fica passeando na rua, que quase pega o binóculo para espiar você e sua família na garagem ou dentro de casa (já que a janela está aberta e as cortinas também).

Atualmente esses são os tipos de vizinhos que tenho morando numa cidade pequena. Com certeza, numa cidade grande também tem, mas tudo parece mais discreto. Aqui não! Compartilham tudo que sabem com um, depois com outro e, assim por diante! Esses vizinhos, alemães, na minha opinião, são muito controladores, querem saber de tudo, para opinar sobre o jeito de ser do outro. 

O jeito é me acostumar e, assim como meu marido diz, pensar que não fazem tendo más intenções, apenas pois não tem outro assunto, gostam de comentar...

E vocês, o que pensam? Vocês também tem vizinhos abelhudos, bisbilhoteiros?
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16 comentários:

Paula disse...

Ai Celi sabe que aqui o pais inteiro é como uma cidade pequena. Todo mundo fica sabendo da vida de todo mundo. Essas coisas sao ora engracadas e ora incomodas, mas sabe que eu gosto mais dessa coisa de comuinidade que sinto aqui e que em Sampa onde eu morava nem pensar ne. Beijos e boa semana

Dani Cassar disse...

Aqui em Malta eh assim, nao conheco nenhum dos vizinhos, nunca vi, mas eles sabem de tudo e acabamos sabendo de bastante coisas tbm...e aqui eles simplesmente adoram cuidar das nossas vidas, msm sendo ocultos...rsrs
Bjs

Camila disse...

Putz... isso é duro, hein? Apesar de morar em São Paulo, moro em um bairro que mantém essas "tradições bairristas" de um saber da vida do outro e de tudo o que acontece. Por um lado, é legal, as pessoas são mais solidárias, mas esse "fuxico" tod me irrita...
Bjos,
Camila
www.mamaetaocupada.com.br

Karen disse...

Ai, vizinho binóculo enche o saco, né (adorei o termo!) e tem em cidade grande também. Aqui em Hamburgo, mesmo sendo a segunda maior cidade da Alemanha, tem de monte rsrsrsrsrs. Mas sabe que em Colônia, onde morava antes de mudar pra cá, tinha realmente um vizinho COM binóculos??? Dava medo, viu? Big brother watching you literalmente...

Beijo,
Karen
http://multiplicado-por-dois.blogspot.com/

P.S.: Estava enjoada dos ursinhos pandas rsrsrsr, mas ainda não estou feliz com o visual do blog, vamos ver se me inspiro melhor até o final do ano!

Desconstruindo a Mãe disse...

:l Hahahahahahahha, cresci num condomínio de três prédios, com 8 andares, 14 apartamentos por andar. E meus pais e irmão continuam morando lá.

Não tem o que não se saiba sobre a vida dos outros nesse bairro, não apenas no condomínio!!! Realmente, existe a solidariedade, existem os fofoqueiros, mas existe uma coisa de que senti muita falta quando fui de Porto Alegre para São Paulo: viver num lugar onde os rostos são conhecidos e onde temos uma história.

Semana passada me dei conta de quanto estava feliz indo a um grande supermercado e ter reconhecido o carro do pai, que também estava lá. De que estou nesse mesmo lugar e minha professora do jardim de infância vem dizer que adorou as fotos dos meus filhos no facebook e que a filha dela vem passar uns dias por aqui, então poderíamos marcar um encontro das velhas amigas.

Mas, como disseste, também tem o lado negativo, amiga. Só que isso acaba se diluindo, especialmente se o teu estilo de vida tende a ser mais discreto e de não dar informações aos curiosos - o que também trouxe de diferente na minha bagagem foi um certo distanciamento, quando voltei de São Paulo.

Meu sonho, desde criança, é conhecer a Alemanha. Muita influência dos avós paternos. Quero ver se volto a estudar a língua pra poder pelo menos pedir mineralwasser ser fazer feio e poder conhecer vocês pessoalmente, já pensou?!

Beijo,
Ingrid

Angi disse...

Celi querida,
É, eu gosto de cidade do interior, já morei em 2 cidades pequenas,uma no Brasil, e uma no Canadá.
No Brasil, eu sentia um pouco mais de maldade, de fofoca mesmo. Já no Canadá, era como aí, uma cidade de idosos, e crianças, pois não tinha universidades, e todos se ajudavam muito, e ao mesmo tempo, se sentiam no direito de perguntar e saber da vida uns dos outros...
Bom, entre cidade grande, onde todo mundo só pensa em si, e sua vida, e cidade do interior, onde as pessoas são bem mais próximas, como boa canceriana carente que sou, fico com a do interior, mesmo com abelhudos!rs
beijos amiga

Carol Szabadkai disse...

Ahahah gostei Celi!
Ô se tem vizinho abelhudo aqui! A vizinha do lado vem perguntar porque a criança chora tanto, da umas indiretas de que eles gritam demais e até chamou a atenção do meu filho uma vez, que se escondeu por 1 hora, de tanta vergonha e eu quase morri do coração procurando ele e gritando, achei que ele tinha fugido de casa Celi, horrivel!!! E tudo culpa da abelhuda da velhinha vizinha, ai que ódio! Mas meu outro vizinho eu gosto, ele tb presta atenção em tudo, mas faz piada e brinca com a gente.... Desse eu gosto e perdoo. :)
Mas é isso o que vc falou, não tem tanto do que falar e essa é a curtição. :)
Adoro vir aqui! Adorei o texto!
Beijos!

Unknown disse...

Kkkkk.....quem mora em prédio por mais que seja em Sao Paulo tem vizinhos assim.....ajaaaa paciência......e quando saio daqui vou para Minas na casa dos meus sogros...cidade pequenininha......tembém tem .........dificil escapar desses pentelhos......kkkkk bjus

Cíntia disse...

Hahahahahah.... Celi que barato! Quando nós mudamos aqui no condomínio de casas, um vizinho pediu pra ver nossa casa :o Hã? Então uma brasileira brincou: "talvez ele queria saber se vocês trouxeram uma onça pintada de bichinho de estimação!" hahahahahahah...

Eu sou de cidade pequena e sei bem como é isso!

beijo

Futura mãmã disse...

Oi querida...E' infelizmente viver em lugar em que todo mundo se conhecer e assim mesmo...rs
Ha vizinho de todo o tipo...aff...Beijo

Anônimo disse...

É eu moro numa cidade pequena, e aqui tbm é assim tudo o que vc faz todo mundo fica sabendo. Acho que fofoqueiros de plantão giram o mundo ... infelizmente.

Fabi Coltri Galli disse...

Oi Celiii!!
Olha, ainda não tive sorte com vizinhos!

Tenho uma aqui que pra se fazer de simpática, pega minhas correspondências e vem bater na minha porta pra ¨entregá-las¨ pessoalmente.
Isso pq já deixei uma mega bilhete pedindo encarecidamente pra não fazer isso.
Moro num prédinho de 2 andares, e as correspondências ficam na caixinha de correio, cada um que pegue a sua não é?
Mas ela não, quer futricar, saber até que contas recebo...
Cansei e virei a cara, coloquei o aviso agora debaixo da porta dela!!
=o)

Beijos

Alessandra Mosquera disse...

Espanhol é fofoqueiro por natureza e sim, conheço algumas histórias de vizinhos, e agora que o meu marido será uma espécie de presidente do bloque onde moramos ficarei sabendo de mais! Mas eu gosto dos meus vizinhos, nunca nos causaram problemas.
Gosto muito do seu blog, eu nunca escrevo aqui mas leio sempre!

Alessandra Mosquera disse...

Espanhol é fofoqueiro por natureza e sim, conheço algumas histórias de vizinhos, e agora que o meu marido será uma espécie de presidente do bloque onde moramos ficarei sabendo de mais! Mas eu gosto dos meus vizinhos, nunca nos causaram problemas.
Gosto muito do seu blog, eu nunca escrevo aqui mas leio sempre!

Ana disse...

Nossa Celi, não costumo ter problemas não, mas quando algo me incomoda, eu vou dar um jeito de me fazer entender.
Posso começar com respostas evasivas, passando por caras amarradas, até o desfecho de dizer, que não gosto que cuidem da minha vida. Sim, já fiz isso. Mas claro vc está em outra cultura, então não imagino como deve ser!!!

Um beijo!!!

Omar disse...

isso é muito tempo livre. falta do que fazer... povo nojento que deixa a própria vida de lado pra cuidar da vida alheia.