"- Como? Meu filho no bosque?...

...Por uma semana?"

Semana retrasada fui buscar o Felipe na escola e me entregaram um comunicado. Estava todo em alemão, era frente e verso e junto tinha uma revista falando sobre a natureza e possíveis bichos. Quando cheguei em casa comecei a ler e não acreditei o que estava escrito. Mas como não entendo 100% alemão preferi esperar meu marido para lermos juntos. 

Ao finalizarmos a leitura confirmei minha hipótese inicial. Eles realmente iriam para o bosque durante uma semana. Agora, você já imaginou essa situação? Seu filho que ainda não tem 4 anos de idade ir para o bosque com as professoras e colegas da escola. Era exatamente essa a proposta da escola para a semana seguinte.

O que me parece muito comum nas escolas daqui. Desde as Kinderkrippen (Berçário 0 a 3 anos) até as Kindergarten (Educação Infantil 4 a 6 anos). Lembro-me quando Felipe começou a freqüentar o berçário que recebemos alguns comunicados de passeios na beira do rio, no centro da cidade e de café da manhã numa certa padaria. E agora, com o Thomas. Outro dia mesmo, enquanto ainda estava no período de adaptação, com a mamãe por perto na escola, as professoras colocaram as crianças no chamado Kinderbus (uma espécie de mini ônibus) e foram até a igreja e espaço de grama para brincarem. Percebo que as escolas realmente fazem uso dos espaços que estão ao redor e que podem ser aproveitados de alguma maneira.

Desde esses primeiros acontecimentos são inúmeros meus questionamentos e tudo parece muito estranho para mim.

Tenho uma idéia muito diferente a respeito de realizar passeios propostos pela escola e participar de pequenas excursões. Por ter acompanhado muitas propostas de passeios (zoológico, museu etc.) realizadas pelas escolas de São Paulo, surgiu o meu olhar tão cuidadoso e questionador. Primeiro por conta das propostas e seus objetivos. No qual, muitas delas não tinham objetivo algum, com propósito de arrecadar dinheiro dos pais, por puro divertimento e cumprimento de dia letivo. Segundo por conta de todos fatores externos (deslocamento, meio de transporte, tempo, pessoas responsáveis, cuidados extras, segurança, idade apropriada para tal atividade).

Não sou totalmente contra as propostas, mas a escola precisa avaliar todos os prós / contras e precisa compartilhar os reais objetivos da atividade. Pode sim realizar um passeio com o grupo, mas desde que tenha clareza dos objetivos e da idade adequada para tal atividade. 

Na Alemanha tenho mudado um pouco meu olhar a respeito disso. Pois percebo que as condições são outras. A estrutura em si, como a questão da segurança, trânsito, tamanho da cidade, clima, etc. Nessa época do ano, por exemplo, eles prezam aproveitar ao máximo as estações da primavera e verão.

Outro fator na minha opinião que interfere nessa proposta pedagógica é o olhar que a escola e mesmo as pessoas tem a respeito das crianças. Percebo que favorecem e incentivam muitas situações para as crianças “caminharem sozinhas”, ou seja, para que adquiram autonomia. 

Agora, eis a questão: Deixar o filho participar dessas atividades?

No próximo post conheça mais sobre a proposta, as minhas impressões e como foi para o Felipe ir todo dia para o Bosque.


                  
4

4 comentários:

Renata disse...

Realmente muito diferente do que temos aqui, né? Ansiosa para ler o desfecho!

Beijaooo

Sofia disse...

Já ouvi falar muito dessa semaninha no bosque, é comum em muitas escolinhas por aqui.

Eu deixaria meu filho ir... acho mesmo importante essa ida à descoberta sem ter a mamã por perto.E na à descoberta por si mesmos as escolas alemãs são mestras.

Fico á espera do próximo post :)

Sandra Kautto disse...

Ai Celi, deve dá um aperto no coração de mandar por 1 semana o filhotinho pra floresta, né não? Mas convenhamos que a realidade das escolas europeias é totalmente distinta das Brasileiras, principalmente com relação a passeios ao ar livre. Bem, se fosse comigo aqui na Finlândia eu talvez deixaria...mas no Brasil no way...!!sem chance!! A não ser que eu pudesse ir junto, daí seria outra história!!!

Por aqui as escolas estão todas de férias. Como o verão é tão curtinho, e o povo espera tanto por essa estação todo mundo só quer curtir ao máximo!!

Beijos pra vcs!!

Carol Szabadkai disse...

É engraçado né Celi?
Aqui eles saem com as crinaças passear em dia bonito, na cidade, ou por volta da escola e eu fico sabendo só depois... rsrsrs Esses passeios aos olhos de uma brasileira é total loucura... E ir andando por aí com umas motinhos de brinquedo, que pega a maior velocidade? Não sei se isso tem aí tb, mas meus pais quase tem uma coisa quando a criança está quase lá na outra esquina... ahahah Mas eu já me acostumei e tento seguir o estilo, deles, afinal eles sabem bem sobre o que é perigoso ou não no lugar. São mais soltos mesmo, mas vejo que meus filhos são bem desenvoltos para uma criança. Meu filho mais vellho entra na ótica sozinho e pede para ajustar a haste do óculos, é atendido e sai feliz e com tudo arrumado. Eu jamais seria capaz disso... Eu, como fui uma criança e adolecente tapada, acho uma ótima oportunidade para que eles cresçam com mais confiança, claro que não faz mal saber das coisas certinho, como é e tal e se outras mães loucas vão deixar, mas em geral eu topo tudo. O que é normal para as crianças hungaras, pode ser para os meus tb...
Tem que acostumar, o estilo de vidda, com certeza, é outro.
Beijinhos querida!